A Casa de António Fragoso
A História de um Património
A História de um Património
Da construção à atual Casa Fragoso
A Casa de António Fragoso, popularmente conhecida por Casa Fragoso, acabou de ser construída em 1615, sendo inicialmente propriedade da Família Lima.
Por volta de 1890, o casal Lima Fragoso – composto por Maria Isabel de Oliveira Lima e Viriato de Sá Fragoso – resolve fazer uma profunda remodelação na casa, estendendo-a para a zona Este. Nessa altura, transformam-se as cavalariças e um parque de charretes em salões que serviriam para receber visitas.
Devido à extensão das obras, o jovem casal decide alugar uma casita ali perto, na Rua de Santo António. É ali que, em 1897, nasce o seu primeiro filho, António.
Com as obras concluídas, Isabel e Viriato mudam-se para a atual Casa Fragoso, que com as remodelações tinha dobrado o seu tamanho.
Desde então, a Casa tem sido o lar de várias gerações da Família Fragoso e só sofreu as necessárias obras de manutenção.
António de Lima Fragoso e a Casa de Família na Pocariça
Não se pode falar da Casa Fragoso sem falar da sua mais ilustre personalidade: António de Lima Fragoso.
António passou aqui a sua infância e juventude até ir para o Porto tirar o Curso Geral dos Liceus e os dois primeiros anos do Curso Superior de Comércio, ao mesmo tempo que aprofundava os seus estudos musicais.
O jovem António, mantém, porém uma constante ligação à Pocariça e à Casa da Família.
Mesmo quando em 1915 o pai, Viriato, o autoriza a continuar os estudos musicais no Conservatório de Música de Lisboa, António não abdica de passar as férias de verão na Pocariça e frequentemente convida colegas para virem passar uns dias à Casa Fragoso, dando seguimento a uma tradição de família.
De facto, a Família Fragoso sempre teve a tradição, que ainda hoje mantém, de receber músicos e outras individualidades do mundo das artes e da literatura, a que se juntam personalidades de outras esferas sociais, nomeadamente políticas e jurídicas.
Assim se contam por centenas os serões culturais realizados nesta Casa, os quais ainda hoje se realizam.
É disso exemplo, o Festival das Janelas Abertas e diversos recitais de música de câmara, piano e outros instrumentos.
Uma Casa e uma Família marcadas pela tragédia
No início do século XX, a trágica história da pneumónica altera enormemente a vida dos proprietários da Casa Fragoso.
Quase todos os filhos de Isabel e Viriato – António, Maria do Céu, Carlos e Maria Isabel – faleceram em 5 dias. Ao trágico drama de se perder quatro filhos em menos de uma semana, junta-se a decisão de fazer sair os seus caixões pelas janelas, para que os que ainda sobreviviam não dessem por isso.
Para além dos quatro filhos mais velhos deste casal, a doença vitima também uma Tia, duas filhas suas e uma empregada.
Dos filhos do casal Fragoso, apenas se salva a filha mais nova, Maria Fernanda, então com apenas 2 anos de idade. Mal se soube da violência da pandemia, Maria Fernanda é levada para o Porto pelo Professor Doutor José de Oliveira Lima, padrinho de António e irmão da mãe Isabel.
Após esta grave provação, durante dez anos o casal Fragoso não volta à sua casa da Pocariça. Passam algum tempo no Porto e em seguida vão para Lisboa, onde residia a maioria da restante Família Fragoso.
Só em 1930 regressam à Pocariça e à sua Casa Fragoso.
O regresso da Vida à Casa Fragoso
O Dr. Viriato Fragoso é advogado em Cantanhede e sempre manteve os seus hobbies de colecionador e de escritor.
Para além de ter publicado as primeiras tabelas de custas judiciais, escreveu uma monografia da Pocariça e outra de Cantanhede, na altura muito apreciadas.
Também possui uma biblioteca extraordinária em qualidade e quantidade.
Nos seus tempos livres constroi uma coleção de mineralogia, que na altura é a maior do País. Digna de nota é também a sua coleção de pássaros (que ele próprio embalsamava) e de ovos de todo o tipo, como os de avestruz, rolas e muito mais. Coleciona igualmente búzios de todas as formas e uma grande variedade de outras conchas marítimas.
Todas estas coleções estão ainda guardadas, na Casa de António Fragoso, em móveis feitos propositadamente por ele na sua pequena oficina de carpintaria.
O presente e o futuro da Casa de António Fragoso
Após o falecimento de D. Isabel (1942) e do Dr. Viriato (1945), a Casa Fragoso continua na Família. A filha do casal, Maria Fernanda, mesmo casada e Mãe de seis filhos, mantém sempre a uma ligação próxima à Pocariça, interrompida apenas após o falecimento dos seus pais.
Apesar disso, mesmo que aos 35 anos tenha ficado viúva e com seis filhos a cargo, Maria Fernanda não descurou a manutenção da Casa.
Ao longo dos anos essa manutenção foi sempre assegurada pelos seus proprietários, que cada ano sempre fizeram as obras necessárias.
É nesta Casa, que ao longo do tempo foi também abrigo de ilustres visitantes como generais, catedráticos, etc., que está hoje sediada a Associação António Fragoso.
Assim se chegou a 2022, ano em que a Associação António Fragoso, na figura do seu Presidente, Eduardo Fragoso, sobrinho do compositor António Fragoso, assinou o protocolo de adesão à Rede Europeia de Casas e Museus de Artistas, Compositores e afins do Centre Europeén de Musique.
Desta forma abre-se um novo caminho, presente e futuro, para a utilização e fruição daquela que atualmente se chama Casa de António Fragoso, e que hoje está classificada como Imóvel de Interesse Municipal.
Mecenato e Apoios
Quer apoiar ajudar a AAF a manter este património?
A Associação António Fragoso tem um Protocolo de Mecenato com o Ministério da Cultura desteniado à manutenção da Casa de António Fragoso. Teremos muito gosto em conversar consigo para defenirmos como nos pode apoiar nesta causa.